Alimentos devem desacelerar, mas comportamento dos serviços é incógnita para o comércio
Por Júlia Carmo
Para 2023, apesar da pequena revisão para cima desde a última previsão (alta de 4,9% ante taxa de 4,7% projetada anteriormente), as estimativas para IPCA e INPC ainda estão baseadas na continuidade deste processo de desinflação pelo qual a economia brasileira vem passando.
A desagregação destas previsões, entretanto, revela mudanças na trajetória tanto dos preços monitorados quanto dos preços livres no próximo ano. Mesmo diante da expectativa de comportamento favorável dos preços do petróleo no mercado internacional e de um cenário hídrico confortável, estima-se que a deflação apresentada para os preços administrados em 2022 seja revertida ao longo de 2023.
Em relação aos preços livres, as expectativas indicam desaceleração da inflação, em 2023, em todos os segmentos que compõem este grupo de bens e serviços. A perspectiva de queda dos preços das commodities no mercado internacional, aliada à normalização das cadeias produtivas, deve impedir pressões adicionais sobre os preços dos bens industriais e dos alimentos. Com isso, o Ipea projetou alta de 3,3% para os bens industriais no IPCA e de 3,4% no INPC.
Pelo terceiro ano seguido, a inflação também deve superar o teto da meta fixado em 4,75% pelo Conselho Monetário Nacional. O recuo esperado para 2023 do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial da inflação do país, em relação a este ano será muito pequeno, menos de meio ponto porcentual.
Nos últimos três anos a inflação atingiu não somente o Brasil, mas o mundo todo em decorrência da pandemia, tanto por questões de oferta quanto de demanda, além de ter tido impacto adicional com a guerra entre Rússia e Ucrânia.
O combate para a redução dos preços neste ano deve vir dos dois lados, do lado da oferta, é necessário haver uma normalização da economia, com os pontos de comércio voltando a funcionar gradativamente, já do lado da demanda é preciso utilizar mecanismos como o aumento de juros para frear a demanda e tentar reequilibrar a economia.