*José Luiz Miranda
No Artigo “Economia: Um olhar político sobre os seus conceitos e fundamentos” enfatizamos o pensamento econômico contemporâneo. Ele é caracterizado pela busca de novos parâmetros, como, por exemplo, a busca de soluções para o desnorteio provocado pela crise financeira de 2008, que ocorreu como consequência de acentuadas operações especulativa no Sistema Financeiro Norte-americano.
Nesse contexto, no Brasil, não podem ser ignorados os efeitos decorrentes da rápida urbanização ocorrida a partir da década de 1950, das alterações na estrutura produtiva convencional, da acentuada concentração das atividades econômicas e populacionais nos grandes e médios centros urbanos estimulando o surgimento de variadas demandas sociais.
Diante de todo esse quadro a Economia, enquanto Ciência Humana Aplicada está presente na vida de todas as pessoas, a sua razão de ser, é buscar alternativas para atender as necessidades dos indivíduos e das organizações. Entra em cena assim a economia real cuja sua origem primária reside naquilo que é conhecido como necessidades individuais que, associadas às motivações, dão origem às demandas sociais, internas e externas que, por sua vez, impulsionam o processo de geração de bens e serviços.
As necessidades individuais
Em um sentido empírico as necessidades são conceituadas como a sensação da falta. Das múltiplas classificações disponíveis na literatura sobre as necessidades individuais, a Teoria de Maslow (1943) é uma daquelas mais conhecidas. Para Maslow, as necessidades individuais aparecem de forma sucessiva sendo agrupadas em cinco escalas piramidais: Necessidades Fisiológicas (relacionadas à sobrevivência do indivíduo), Segurança (quando as necessidades fisiológicas estão satisfeitas), Sociais (quando o indivíduo se relaciona com outros), Políticas (ter autorrespeito e apreço pelos outros) e autorrealização (atingidas após todas as necessidades anteriores).
As motivações
Observada na teoria de Maslow a satisfação das necessidades pessoais somente pode se concretizar se houver interesse do indivíduo de forma ativa em buscar os meios e recursos possíveis para satisfazê-las. No campo motivacional, se identifica que o indivíduo tem uma natureza própria na qual a motivação o levaria a se autodeterminar. Essa concepção, que se aproxima do pensamento Immanuel Kant expressa na obra Crítica da Razão Pura (1784) – onde admite a influência de fatores que condiciona à racionalidade.
Nesse aspecto, com raríssimas exceções, a vida de qualquer indivíduo é modelada pela busca contínua da inserção social. Sob essa ótica estudos comportamentais mais recentes dizem que existem modalidades básicas de motivações a motivação voluntária (iniciativa do próprio indivíduo) e a motivação induzida (age sobre o indivíduo).
Ocorre que em situações extremadas e contrariando em parte a tese defendida por Kant, a motivação induzida pode neutralizar a racionalidade do indivíduo. Para Bauman Zygmunt, com enfoque mais psicanalítico, existe uma sutil e gradativa transformação dos consumidores em mercadorias.
Esse desatino é denominado pela Ciência como oniomania onde se confunde o “ser” com o “ter” e no qual a felicidade depende da quantidade de coisas que se pode comprar. Aqui cabe a ressalva de que a aquisição de um bem ou serviço é um ato legal, porém, deve ser realizado dentro de parâmetros que estabeleçam direitos.
As demandas sociais
Essa dinamização do processo ocorre na medida em que são desenvolvidos mecanismos destinados a atender as variadas demandas sociais. De acordo com a Literatura Econômica, esses mecanismos são desenvolvidos pelos denominados agentes econômicos no exercício das suas atividades econômicas. O processo de geração de bens e serviços dinamizados pelas demandas sociais traz benefícios para o conjunto da sociedade.
Nesse contexto, o setor privado da economia tem buscado intensamente a modernização. Todavia, esse mesmo comportamento ainda não alcançou a sua plenitude no setor público não tendo efetivação nas políticas públicas, o que vem gerando grandes e novas demandas sociais cada vez mais emergentes.
José Luiz Miranda – Economista. Mestre em Desenvolvimento Regional com ênfase em Políticas Públicas. Especialização em Análise de Investimentos. Gestão Empresarial. Possui Qualificações complementares em Project Finance e Gestão Estratégica (AMANA-KEY/SP). Gerente aposentado da Caixa Econômica Federal, onde atuou em equipes que participaram em atividades estratégicas junto ao Governo Federal, notadamente em projetos relacionados à Reestruturação da Dívida Pública da União (1997) e à Reestruturação do Sistema Financeiro Nacional – PROER (1995/1996), ambos decorrentes da implantação do Plano de Estabilização Monetária. Eventualmente exerce atividades de Perito e Assistente Técnico na Área de Economia e Finanças