PANDEMIA E ECONOMIA
O biólogo, ex-ministro da saúde da Etiópia e atual diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) Tedros Adhanom Ghebreyesus declarou, em 11 de março de 2020, que a organização elevou o estado de contaminação à pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) devido à disseminação rápida que o mesmo apresentava. Com essa declaração, surge um estado de alarme pelo mundo e no Brasil emerge um cenário de insegurança jurídica que se estende aos dias atuais. De um lado vemos movimentos políticos/partidários em todos os entes da federação: União, Estados, Municípios e o Distrito Federal e do outro, os poderes Legislativo e Judiciário; sem nos esquecer das agências especializadas espalhadas pelo mundo afora. Também, merece destaque o medo e a insegurança, caos mental, proporcionado pelo aprisionamento via terror psicológico de pessoas pelo mundo por intermédio do excesso de informações veiculadas nas mídias sociais, jornais impressos, telejornais e o volumoso quantitativo de fake news. O vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 1976, o norte-americano Milton Friedman, no artigo: Um plano para a América voltar a funcionar, relata que líderes não estão voando completamente às cegas: eles estão seguindo os conselhos de epidemiologistas em saúde pública. No entanto, essas decisões afetam todo nosso país e sua economia e pequenos erros podem ter enormes consequências. Hoje, existem alguns dilemas: Ficar em casa (isolamento social) ou promover a retomada da atividade econômica? Teremos outro caminho? Não existirá um ponto de equilíbrio, uma calibragem? Estamos diante de grandes problemas, econômicos e de saúde pública e sem a identificação de tratamentos eficazes e/ou vacinas. O diretor emérito do Centro sobre Sociedade e Saúde na Universidade da Comunidade da Virgínia, Dr. Steven Woolf, identificou alguns pontos relevantes acerca do cenário atual de incertezas. Pare ele, a renda é um dos mais fortes previsores das consequências para a saúde e de quanto tempo viveremos. Salários perdidos e demissões de empregos estão deixando muitos trabalhadores sem seguro-saúde e obrigando muitas famílias a dispensar tratamentos e medicação para pagar comida, habitação e outras necessidades básicas. Acredito que tudo gira em torno de três premissas básicas: salvar vidas e evitar um colapso no sistema de saúde brasileiro e frente a essas duas também existe uma terceira e desafiadora: minimizar os efeitos de um possível colapso na economia. A estatística brasileira referente à geração de empregos preocupa! De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), dados divulgados em seu portal, os micro e pequenos negócios representam 99% do total de empresas no Brasil. As pequenas empresas são as que mais geram empregos formais no país. O comércio concentra a maior parte dos empreendimentos, somando 41%. Esse cenário não é diverso ao apresentado, por exemplo, pelas economias estadunidense e européia e claro, cada uma com suas estatísticas e peculiaridades. Então, iremos ficar em casa ou promover a retomada da atividade econômica? Precisamos ampliar a discussão, ouvir as instituições representativas dos setores da economia (indústria, comércio e serviços), criar estratégias em observância às orientações das autoridades médico/sanitárias (triagens, revezamentos, utilização de EPI´s. monitoramento, distanciamento e obediência aos protocolos de saúde), priorizar os cuidados com os mais vulneráveis (isolamento vertical) e proceder a uma retomada gradativa e consciente da atividade econômica. Destaca-se que neste momento é preciso deixar de lado o viés político/partidário e vaidades intrínsecas ao setor; pois, a saúde pública nesse momento é prioridade e as eleições devem estar em último plano. Em suma, precisaremos de um ponto de equilíbrio entre a prevenção e a retomada da economia; pois, essa última é regra básica para a sustentabilidade do sistema capitalista que estamos inseridos sob pena de um retrocesso ou até mesmo acirramento do quadro atual de epidemiologia nesse cenário. Pessoas não podem morrer e a economia não pode parar! Álen Rodrigues de Oliveira é economista.